FÓRUM JUVENIL DE ACTIVIDADES LUNÁTICAS DE ESCRITA
Nascido como prolongamento das Oficinas de Escrita Criativa para Jovens, o blog pretende ser, através de desafios práticos, um espaço criativo e experimental para a escrita. Promovendo total liberdade, não deixaremos de fornecer pistas para proteger e guiar os espíritos dos nossos escritores mais aluados.


domingo, 9 de maio de 2010

É crime roubar um livro de que gosta?

Queremos saber a vossa opinião sobre esta história. Acham que é um crime? E é um crime leve ou grave? O que o escritor relata é considerado roubar? As vossas opiniões PRECISAM-SE. Participem no link dos comentários logo abaixo do texto. (Não se esquecam de colocar o vosso nome).

"Aos dezasseis anos, em 1964, encontrei emprego para o período depois das aulas na livraria Pygmalion, uma das três livrarias anglos-alemãs de Buenos Aires. A proprietária era Lily Lebach, uma judia alemã que tinha fugido dos nazis e se instalara em Buenos Aires no final da década de 30, e que me encarregava diariamente da tarefa de limpar o pó a cada um dos livros da livraria - método pelo qual ela julgava (acertadamente)que eu depressa ficaria a conhecer a existência e a sua localização nas prateleiras.

Infelizmente, muito dos livros aliciavam-me para além da mera limpeza; queriam que eu pegasse neles, os abrisse e inspeccionasse e, por vezes, nem mesmo isso bastava. Algumas vezes furtei um livro tentador; levava-o para casa comigo, escondido no bolso do casaco, pois não me bastava lê-lo; tinha de o possuir, de o chamar meu.
A romancista Jamaica Kincaid, ao confessar o mesmo crime de furtar livros da biblioteca na sua infância em Antígua, explicou que não era sua intenção cometer um furto; mas «depois de ler um livro, não suportava a ideia de me separar dele»

...A Sra. Lebach sabia decerto que os seus empregados surripiavam livros, mas suspeito que, enquanto ela achasse que não excedíamos certos limites tácitos, continuaria a permitir a prática desse crime. Uma ou duas vezes, quando me viu embrenhado nalgum livro recente, mandou-me meter mãos ao trabalho e guardar o livro para o ler em casa nos meus tempos livres. Passaram-me pelas mãos livros maravilhosos na sua livraria."

[Alberto Manguel em Uma História da Leitura]

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